Corinthians: Campeão, fenomenal, invicto e inesquecivel.

Corinthians passou imbatível durante todo o Paulistão. Do começo ao fim, com a conquista do título, foram 23 jogos sem saber o que é uma derrota.
Ao final da Série B do Campeonato Brasileiro do ano passado uma pergunta ecoou pelos corredores do Parque São Jorge: o time do Corinthians campeão da Segundona teria condições de lutar no mesmo nível com os maiores rivais pelo título do Paulistão ? Cinco meses depois, a resposta. Com um futebol muito mais eficiente do que vistoso e a presença do ídolo Ronaldo, o Timão superou as dúvidas, despachou os principais adversários e sem perder sequer um jogo é o novo campeão estadual, quebrando o tabu de seis anos sem conquistas.

JANEIRO: Ainda sem Ronaldo, quem brilha é Chicão

A festa neste domingo contrasta com a primeira rodada do Paulistão. Jogando no Pacaembu, palco da festa neste final de semana, o Timão saiu perdendo por 2 a 0 para o Barueri em uma das piores exibições da temporada até agora. Mesmo assim, nos minutos finais, a equipe mostrou que a garra e a aplicação tática seriam as grandes armas rumo ao caneco. Chicão, de pênalti, e Jorge Henrique marcaram e evitaram a derrota.

- Foi uma equipe aguerrida. O resultado é uma prova de que esse grupo é capaz de se superar. Você não saiu de um 2 a 0 contra para um empate se não tem no interior de seus jogadores a vontade de vencer – disse Mano Menezes logo após o duelo, quase prevendo o que aconteceria no restante da competição.

O susto passou, e o Timão engrenou. Nas outros três jogos do mês de janeiro, 100% de aproveitamento. Em Bragança Paulista, a equipe derrotou o Bragantino por 1 a 0. Em seguida, obteve o primeiro triunfo em casa, fazendo 2 a 0 sobre o Botafogo. Para fechar, a primeira goleada: 4 a 1 sobre o Oeste, também no Pacaembu.

E foi logo no primeiro mês da temporada que começou a se destacar quem seria um dos artilheiros alvinegros. Em quatro jogos, o zagueiro Chicão marcou três gols. Os números só não foram maiores porque o defensor, por ordem do técnico Mano Menezes, permitiu que Souza, vaiado pela torcida, cobrasse um pênalti diante da equipe de Itápolis.
FEVEREIRO: Primeiro clássico, e Elias começa a despontar

Fevereiro também começou com vitória: 3 a 2, de virada, sobre o Paulista, em Jundiaí. Novamente, brilhou a estrela de Chicão, autor de dois gols. A reação, porém, parou no problemático empate por 1 a 1 com a Portuguesa, em casa, por conta das fortes chuvas. Na rodada posterior, vitória por 2 a 0 sobre o Mogi Mirim, outra vez na capital.

No dia 15, a primeira prova de fogo. O Corinthians teve pela frente nada menos que o São Paulo, tricampeão brasileiro. Mesmo com uma equipe mista por causa da Taça Libertadores, o Tricolor deu muito trabalho ao Timão, que jogou mal. Borges abriu o placar no segundo tempo, mas André Santos deixou tudo igual cinco minutos mais tarde, segurando a invencibilidade.

- Tivemos problemas táticos na primeira parte do jogo, mas eu conversei com os jogadores no vestiário e disse que a culpa foi minha. Eu errei – afirmou o treinador após o clássico.

O mês, contudo, terminou em alta para o Alvinegro do Parque São Jorge. No Vale do Paraíba, vitória por 3 a 1 sobre o Guaratinguetá, onde começou a brilhar a estrela do volante Elias, autor de dois gols. Já em Presidente Prudente, 2 a 0 diante do Noroeste.

MARÇO: Ronaldo estreia e leva a Fiel à loucura em Prudente

O terceiro mês da temporada chegou com a expectativa pela estreia de Ronaldo. Ainda sem apresentar um futebol convincente, o Corinthians só empatou com o Marília por 1 a 1, no interior. Antes do duelo de abertura da Copa do Brasil, diante do Itumbiara, a primeira polêmica envolvendo o Fenômeno. O jogador caiu na noite em Presidente Prudente, voltou às 5h para o hotel (o limite era 23h do dia anterior) e foi multado. De quebra, o diretor-técnico Antônio Carlos Zago, outro envolvido na confusão, pediu demissão.
Ronaldo estreou contra o Itumbiara, mas levou a Fiel ao delírio no jogo seguinte, justamente contra o arquirrival Palmeiras . Mais uma vez, o Corinthians não jogava bem e perdia por 1 a 0, com gol de Diego Souza. Mas o Fenômeno entrou aos 19 minutos do segundo tempo para mudar a história do clássico. Aos 33, ele passou pela marcação de Jumar e disparou, carimbando o travessão de Bruno. No lance final, aos 47, Douglas cobrou escanteio e o atacante subiu para cabecear e fazer o gol de empate do Timão. Enlouquecido, o camisa 9 correu, subiu na grade que separa o campo da torcida e festejou. O alambrado caiu e a Polícia precisou conter os alvinegros. - Estou orgulhoso de fazer parte desse bando de loucos. É realmente um bando de loucos. E esse é o primeiro de muitos gols que virão por aí - prometeu o gênio.

E ele cumpriu. No jogo seguinte, fez mais um na vitória por 2 a 1 sobre o São Caetano, na capital. O Timão ainda empataria sem gols com o Santo André, no ABC. A primeira vitória de Mano Menezes em clássicos pelo Alvinegro veio no 1 a 0 sobre o Santos , gol anotado por Dentinho, mantendo a equipe na vice-liderança. Até o fim de março, a equipe fez mais três jogos: empates com Ponte Preta (2 a 2) e Guarani (0 a 0) e vitória por 3 a 0 sobre o Ituano. Ronaldo fez mais três gols, e o time se classificou para a segunda fase.

- Não vamos ganhar uma semifinal só com o Ronaldo em campo. Precisamos de um time todo jogando bem. Mas é claro que o fato de já estarmos entre os quatro vai dar uma confiança maior à equipe – lembrou Mano.ABRIL: São Paulo e Santos para trás...Timão campeão paulista!

Para cumprir tabela e manter a invencibilidade, o Corinthians arrancou um empate por 2 a 2 com o Mirassol, no interior, e terminou em terceiro na classificação. Uma semana depois, voltou a campo pelas semifinais para enfrentar o São Paulo, no Pacaembu. Miranda colocou o Tricolor em vantagem no placar, mas Elias empatou logo em seguida com um golaço. No último minuto, Cristian arriscou um chutaço de fora da área e acertou o canto esquerdo de Rogério Ceni. Era a vitória que o Timão precisava para inverter a vantagem.

Antes do segundo jogo, o clima esquentou. O técnico Muricy Ramalho previu que São Paulo e Palmeiras seriam os finalistas por precisarem de vitórias simples em seus estádios. Já o vice-presidente de futebol do Tricolor, Carlos Augusto de Barros e Silva, insinuou que Ronaldo era um ex-jogador em atividade. A resposta veio no campo. O Timão venceu novamente, agora por 2 a 0, com gols Douglas e... Ronaldo! Era tudo o que ele precisava para responder.

- Estou muito emocionado. Foi uma festa maravilhosa. Acho que foi um grande dia, um grande jogo. O São Paulo está de parabéns, é um grande time, um grande clube. A festa foi incrível, a torcida veio na paz. Agora, o São Paulo não poderia ser perfeito. Tem sempre alguém falando merda, um babaca. Quero ver se esse dirigente vai aparecer falando gracinha - disparou.

Na final contra o Peixe, a estrela do craque continuou brilhando. Sob os olhares de Pelé, presente na Vila Belmiro, Ronaldo teve uma atuação de gala. Chicão colocou o Timão em vantagem cobrando falta e o Fenômeno ampliou ao dominar com maestria e chutar na saída de Fábio Costa. Felipe, em cruzamento de Triguinho, fez contra, mas o camisa 9 guardou o melhor para o final. Após belo drible em Triguinho fora da área, viu o goleiro adiantado e tocou por cobertura. Genial!